O trabalho da ONG santista que transformou a vida de centenas de jovens nos últimos 17 anos foi um dos destaques da programação do encontro cinematográfico ‘Santos – Porto Mundo’, que integra a programação da 14ª Conferência Anual da Rede de Cidades Criativas da Unesco, no Teatro Guarany.
A noite de quarta-feira (20) abriu espaço para exitosa história do Instituto Querô, entidade sem fins lucrativos que busca promover o acesso à arte e à cultura, estimulando o desenvolvimento de jovens de baixa renda e moradores de comunidades, por meio da capacitação e produção audiovisual, visando colaborar com a redução da desigualdade social.
Uma linha do tempo ajudou a elucidar aos expectadores cada passo da construção da instituição, desde a produção do filme ‘Querô’, em 2005, passando pela criação das ‘Oficinas Querô’, em 2006; da ‘Produtora Querô’ (2007) e do ‘Querô na Escola (2010)’, entre outras ações e conquistas, até chegar às ‘Conexões Querô, em 2021’.
E cada capítulo desta autêntica história de cinema ganhou voz nas falas de pessoas que viveram a experiência de terem suas vidas transformadas por meio da arte. “Graças ao Querô e tudo o que aprendi, hoje posso trabalhar com audiovisual e ser um divulgador de Santos”, disse o produtor de locação Samuel de Castro, que fez parte da primeira turma do instituto.
A coordenadora institucional da entidade, Tammy Weiss, lembrou dos primeiros passos do instituto, quando ainda nem se tinha ideia do tão longe que ele iria chegar. “A gente queria que os jovens contassem suas histórias por meio do cinema”. 

O filme que virou instituição social
Anos antes da criação da ONG, em 2004, o cineasta Carlos Cortez e a produtora Gullane Filmes iniciaram pesquisa nas áreas mais carentes da região portuária de Santos, para compor o elenco jovem do longa-metragem Querô. Durante um ano de pesquisa, mais de 1,2 mil jovens participaram de testes e 40 foram convidados a integrar o elenco do filme. Para a participação no filme, estes jovens foram capacitados por meio de oficinas de preparação de elenco.
Após as filmagens da película, estimulados pelos talentos descobertos, a produtora, junto ao Unicef, desenvolveu um projeto de continuidade, criando as Oficinas Querô – empreendedorismo e cidadania por meio do cinema. Com o apoio da Prefeitura de Santos, Sesc e Unisantos, durante as aulas são oferecidas capacitação audiovisual e humana aos jovens. As produções dos alunos já venceram diversos prêmios em festivais de cinema do país.
“Todos nós nutrimos um sentimento de orgulho muito grande por tudo que construímos nestes anos. A gente acredita muito no trabalho dos nossos jovens, e desejamos criar cada vez mais oportunidades para quem nos procura”, declarou a presidente do Instituto Querô, Debora Ivanov.