A telessaúde não pode ser confundida com um simples teleatendimento. Trata-se de um conceito mais amplo que deve envolver também outros profissionais, a rede de ensino e entidades privadas. A maior abrangência da telessaúde foi apresentada pelo secretário de Saúde de Santos, Adriano Catapreta, e pelo professor doutor Chao Lung Wen, no encontro ‘A construção de saúde do futuro por meio da educação e da inovação dos processos de telessaúde’, realizado na tarde desta terça-feira (28) na Associação Comercial de Santos (ACS), no Centro Histórico de Santos.
Chao é chefe da disciplina de Telemedicina da Faculdade de Medicina da USP, criador do programa Santos Jovem Doutor e Presidente da Associação Brasileira de Telemedicina e Saúde. Santos é considerada vanguardista na área porque é a única cidade do Brasil que conta com um decreto municipal, assinado pelo prefeito Rogério Santos, que regulamenta as ações e serviços de telessaúde.
Promovido pelas Câmaras Setoriais de Saúde e Instituições de Ensino da ACS, o evento teve como objetivo integrar o poder público com empresas privadas e outras instituições, de forma a entenderem e articularem ações de telessaúde em suas áreas de atuação.
O secretário de Saúde de Santos, Adriano Catapreta, destaca que o Município sempre tenta inovar o máximo possível. “A telessaúde não será implantada para focar no médico. Será muito importante para todos nós, foi um modelo que já experimentamos na pandemia. Não se trata de pegar um tablet e colocar para conversar com o paciente”.
Catapreta dá um exemplo de como a telessaúde pode ser aplicada em Santos: o médico do Programa Saúde da Família, no consultório, atendendo um paciente e, com a telessaúde, discutindo o caso com o especialista de uma área em um dos Ambulatórios de Especialidades (Ambesp). “Temos que pensar também na população que não tem como se deslocar para ir ao médico ou os moradores de áreas distantes como o Caruara”.
Chao Lung Wen também reforça o benefício do sistema para quem mora mais distante. “O teleatendimento permite aumentar as formas de cuidar de pessoas”. O professor doutor cita que mais do que uma consulta, a telessaúde permite o acompanhamento dos pacientes e a possibilidade de troca de informações entre médicos “para melhorar os cuidados de um paciente”. 
A implantação da telessaúde em Santos, explica o especialista, será acompanhada da criação de uma estação em uma escola, como parte de uma rede envolvendo estudantes e professores. “Trata-se de um conceito de cuidar de pessoas de forma multiprofissional, não apenas com médicos”. Nessa linha, ele cita a experiência do Programa Jovem Doutor que, no próximo ano, completará dez anos de atividades no Município. “É um exemplo de como promover saúde nas escolas. Um exemplo para outros municípios”.

IDOSOS
A ideia de que muitos idosos não sabem usar ferramentas tecnológicas não deve ser um empecilho para implantação da telessaúde em Santos. Chao Lung Wen entende que a colaboração de familiares é fundamental. “Caso um idoso não saiba usar tecnologia pode ir para uma unidade de saúde onde há o sistema. E, eventualmente, os agentes comunitários podem fazer a conexão com os médicos. Trata-se de um processo importante para evitar o deslocamento desnecessário e a descontinuidade do atendimento”.
Reitora da Universidade Santa Cecília, Sílvia Teixeira Penteado vê na telessaúde “uma forma de humanizar o atendimento à saúde”.

Esta iniciativa contempla o item 3 dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU: Saúde de Qualidade.